VÍCIO 

Puxou um cigarro, sobrou outro no maço. No bolso esquerdo não estava o isqueiro, bateu a mão no direito para descobrir que também não havia sinal do bic escuro. Conclusão: sem fogo. Sentou na sarjeta e ficou esperando. Era uma noite de inverno, ou talvez outono - não estava certo sobre o calendário e o frio não lhe congelava as mãos.

Esperou, esperou e o dia amanheceu.

Seu Jorge abriu o posto de gasolina. Cidades pequenas não funcionam 24 horas.

Levantou-se, atravessou a rua e disse um bom dia. Pediu um litro de gasolina e uma caixa de palitos de fósforo. Pagou, agradacendo com um sorriso de um lado da boca e o tabaco equilibrado na outra.

Iria parar de fumar a partir daquela manhã. Seriam os dois últimos cigarros: o que ele ainda tentava tragar e o que incendiava dentro do maço junto ao seu corpo em chamas.

 

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  • Francismar Lemos
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