leio e releio você
bem baixinho
pra decorar
e nunca mais esquecer.

Puxou um cigarro, sobrou outro no maço. No bolso esquerdo não estava o isqueiro, bateu a mão no direito para descobrir que também não havia sinal do bic escuro. Conclusão: sem fogo. Sentou na sarjeta e ficou esperando. Era uma noite de inverno, ou talvez outono - não estava certo sobre o calendário e o frio não lhe congelava as mãos.

Esperou, esperou e o dia amanheceu.

Seu Jorge abriu o posto de gasolina. Cidades pequenas não funcionam 24 horas.

Levantou-se, atravessou a rua e disse um bom dia. Pediu um litro de gasolina e uma caixa de palitos de fósforo. Pagou, agradacendo com um sorriso de um lado da boca e o tabaco equilibrado na outra.

Iria parar de fumar a partir daquela manhã. Seriam os dois últimos cigarros: o que ele ainda tentava tragar e o que incendiava dentro do maço junto ao seu corpo em chamas.

Se o amor é um diamante, de qual lado você prefere ficar: da beleza intocável de seu interior; ou da visão imperfeita, angustiante mas vivível sobre qual abate seu expectador do lado de fora?

A não ser que haja um motivo realmente indiscutível, eu votarei em Geraldo Alckmin para presidente.

Mas antes, os fatos:

1 - Sim, eu votei no Lula em 2002.

2 - Sim, eu acreditava que a cúpula do PT que subia ao governo poderia realmente ser diferente de outras administrações que o país já tivera.

2.1 - Só não me arrependi amargamente, como caiu a ficha ululante de que não serão nunca os governantes BRASILEIROS que irão fazer algo por esse país.

3 - Votar nulo, PARA A REALIDADE BRASILEIRA, é lavar as mãos. Não sejamos sonhadores e hipócritas de acreditar que isso mudaria algo. ** E não vou discutir o porquê de lavar ou não as mãos.

4 - Votar na Heloísa Helena é cometer a MESMA burrice de ter votado no Lula em 2002. Ela não tem base partidária alguma e com 99% de chance de ter um governo mais conturbado pela oposição do que o atual. E o que é pior: MATEMÁTICAMENTE, os votos para ela estão tirando os votos do Alckmin - e na minha visão, reelegendo o Lula.

5 - Eu sei muito bem que o governo do PSDB vai ser tão corrupto e blá blá blá. Mas ainda acredito mais em uma aristrocacia demodê do que em revolucionários de qualquer gênero. Os primeiros são muito mais lineares, como mostra a história.

E aí, algum motivo indiscutível?

I'm going to Scotland
Quadro pintado por Rafael Marchetto e pendurado na parede do meu quarto.

* new connection (1) *

Is HELOISA HELENA your friend?

Ahnnnn

Não. click

Tudo começou sábado retrasado. Na verdade, começou na segunda antes do sábado retrasado. (Na verdade, tudo começou quando Deus... enfim). A história é que minha mãe queria um aparelho digital para medir pressão arterial. Então, logo após o almoço na segunda, me dirigi à uma farmácia no intuito de adiquirir o dispositivo. Eis que na demonstração que o vendedor fazia para mim, colocando o aparelho no meu pulso, me deparei com a minha pressão em 15 x 9 (a pressão tida como normal em adultos é de 12 x 8) . É que você acabou de almoçar, o vendedor tentava dar alguma explicação para que a pressão de um cara de 25 anos estivesse naquele patamar.

No decorrer da semana, continuei medindo e a pressão nunca chegava nos 12 x 8, sempre mais alta. Até que sábado a noite, ela chegou no 14 x 10. Tomei um susto e fui até um pronto socorro. Lá, o aparelho mediu 16 x 12 - possivelmente provocada pelo meu estado emocional alterado. Tomei uma medicação para abaixá-la e a receita do médico para que eu fizesse exame de sangue e melhorasse a alimentação aliada a atividades físicas frequentes.

Esta semana que passou, fui fazer os exames e já tomei algumas providências quanto à alimentação e prática esportiva - tanto que voltei a exercer minha função de beck-lateral-direito-metido-à-meia em peladas, que espero serem, regulares às segundas e umas corridas quando acordo animado.

E pra terminar, o OLDNIGGER (aka. meu computador) começou estranhamente a desligar do nada. Bom, vamos ver se é software, pensei. Formatei e o problema continuava. Aquecimento do processador?, medidas me levaram a uma média de 40 graus centígrados do meu AMD, ou seja nada mal. Hm, fonte talvez, e antes que eu conseguisse fazer qualquer teste neste sentido, ele simplesmente decretou falência múltipla e parou de responder. Levei, então, em uma assistência perto de casa, que me deu um diagnóstico doloroso: placa mãe. Por fim, R$ 350.00 entre a placa, memória DDR - já que minha antiga era DIMM - e uma fonte nova para não ter dor de cabeça, pois a antiga carrega 6 anos nas costas.

Agora, acho que posso começar bem meu último - tomara! - semestre de faculdade.

Só dá para perceber que o mundo gira, quando você deixa de olhar para o centro e passa a prestar atenção nas bordas.

Andar por São Joaquim da Barra à noite, conversando com uma cerveja na mão - mesmo sendo juvenil - ainda é umas das coisas que mais gosto de fazer. Dirigir ouvindo música é muito bom, mas não há a mesma sensação de que a cada esquina você vai deixar sua vida pra trás ao atravessar a rua.

A gente se distancia.

A inércia é válida na física, mas não há porque ser válida para mortais que tem um pingo de imaginação e afeição pela vida. O pensamento não fica do teu lado, o tempo não senta para conversar contigo e nem mesmo os teus olhos se aguentam de olhar só para o chão, buscando o limite que o horizonte impõe. Então, a gente se distancia.

Talvez por ironia do destino, seja só uma vontade de seguir o resto do universo em sua eterna(?) expansão. Ou é só uma brincadeira de criança que nunca foi embora, quando era possível correr o mais longe que as pequenas pernas suportavam antes que alguém anunciasse Tá com você!. Planos para os esconderijos, esconderijos silenciosos e o silêncio sobre a sensação de ser intocável.

A gente sempre se distancia. E, pergunto, até que ponto isto é ruim?